Sim, ela era feliz. Havia dias em que tudo corria tão bem
que às vezes ela até se esquecia de agradecer a Deus por eles. Contudo, ela
também sabia que dias tristes existiam, e, apesar do fato desses dias chegaram
tão repentinamente, ela lidava bem com eles. Ela entendia que os dias, tanto os
bons quanto os ruins, faziam parte da existência dela. E de todos.
Levava a vida bem.
Não comia mais tantas bobagens quanto antigamente, e, por causa disso, havia
finalmente perdido aqueles quilinhos que tanto a incomodavam. Tinha mais
facilidade para acordar cedo também. Relacionava-se bem com os pais e tinha
bons amigos. E o melhor de tudo era que não tinha mais aquela necessidade
estúpida de fazer com que todos gostassem dela.
Porém, havia dias,
como as quartas à noite e os domingos à tarde, em que se sentia tão
absurdamente sozinha, que pensava que, além da morte de fome e da morte de
sono, ela inventaria a morte de solidão. E era nesses momentos em que Sidney
Sheldon tornava-se seu amante, Nora
Roberts sua mãe e Harold Robbins seu melhor amigo.
Fechava a porta de
seu quarto, pois a TV que seu pai via no quarto ao lado não a deixava se
concentrar direito. Abria o livro na última página em que tinha lido e depois,
como que numa mágica, tudo ficava bem...